Angústia pode ser o desamparo de estar vivo.
A vida
perguntou-me: você não acha que há um vazio sinistro em tudo? Há sim. Enquanto
se espera que o coração entenda... Quando o mal
vem, o peito se torna estreito, e aquele reconhecível cheiro de poeira molhada
naquela coisa que antes se chamava alma e agora não é chamada nada. É a falta
de esperança na esperança. É conformar-se sem se resignar. Não se confessar a
si próprio porque nem se tem mais o quê.
Ou se tem e não se pode porque as
palavras não viriam. Não ser o que realmente se é, e não se sabe o que
realmente se é, só se sabe que não se está sendo. E então vem o desamparo de se
estar vivo. Estou falando da angústia mesmo, do mal. Porque alguma angústia faz
parte: o que é vivo, por ser vivo, se contrai. (Clarice Lispector)
Tantas vezes,
tantas, como agora, me tem pesado sentir que sinto – sentir como angústia só
por ser sentir, a inquietação de estar aqui, a saudade de outra coisa que se
não conheceu, o poente de todas as emoções… Ah, quem me salvará de existir? Não
é a morte que quero, nem a vida: é aquela outra coisa que brilha no fundo da
ânsia…” (Fernando Pessoa)
O meu mundo não
é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito,
uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma
pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada,
uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê! (Florbela
Espanca)
A ciência
poderá ter encontrado a cura para a maioria dos males, mas não achou ainda
remédio para o pior de todos: a apatia dos seres humanos. (Helen Keller)
Talvez seja
porque é um estado de espírito tão difuso e complexo que o confundimos com
outros sentimentos.
Na verdade, se
você nunca sentiu um aperto no peito, uma sensação generalizada de apreensão,
um gosto amargo na boca, a mente cansada e aflita, realmente fica difícil
entender o que seja angústia.
Nossas cidades
estão angustiadas, cheias de apreensão a cada esquina, a cada minuto do dia; um
filho que saiu e não voltou, um pai que ainda não chegou do trabalho, um
trabalho que pode não existir amanhã, a educação dos filhos no próximo ano, um
marido agressivo... Enfim, a vida nos sobrecarrega com fardos muito difíceis de
suportar.
A primeira
grande barreira que precisamos vencer é admitir quando somos alcançados pela
angústia. Muito pior do que viver angustiado é afundar sob o peso da angústia e
não reconhecer pelo que se está passando. Não há necessidade de remédio para
quem não está doente.
Certa vez Jesus
falou diretamente àqueles que se encontram dominados pela angústia. Ele
disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados,
e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou
manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu
jugo é suave, e o meu fardo é leve." – Mateus 11:28-30.
A promessa é
clara e sem rodeios. Jesus não era um teórico que apenas falava frases
bonitas. Ele mesmo era alguém que sabia lidar com a angústia e afirmou que
deveríamos aprender como ele sobre mansidão e humildade para assim
experimentarmos o tipo de descanso que desfaz a angústia.
O que me consola
na minha angústia é isto: que a tua palavra me vivifica. - Salmos 119:50.
(Aristarco
Coelho)
A angústia é a
disposição fundamental que nos coloca perante o nada.
(Martin Heidegger)
Abraços e muita
paz!!!
Angústia, quando a alma e o coração viram nada
Reviewed by Luís Eduardo Pirollo
on
novembro 24, 2012
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