Aprendendo a prática do pensamento zen

Pensamento zen e a compaixão
Aprendendo a prática do pensamento zen no que se refere à compaixão. Compaixão é a própria essência da vida espiritual e da principal prática daqueles que dedicaram suas vidas para alcançar a iluminação plena.
Desde sempre o homem reflete sobre a sua condição, pensa que não é como gostaria de ser, define de maneira mais ou menos correta os vícios do seu funcionamento; faz, em suma, a sua autocrítica.

Esse trabalho de crítica, às vezes grosseiro, atinge ocasionalmente, em alguns ensinamentos, um altíssimo grau de profundidade e sutileza. As modalidades indesejáveis do funcionamento interior do homem comum são com frequência reconhecidas e descritas de modo bastante preciso. (Hubert Benoit)

O que exatamente é compaixão?

Compaixão é uma mente que é motivada por acalentar outros seres vivos e deseja libertá-los do seu sofrimento.

Às vezes fora de intenção egoísta podemos desejar outra pessoa de estar livre de seu sofrimento; isso é bastante comum nos relacionamentos que são baseados principalmente em anexo.

Se o nosso amigo está doente ou deprimido, por exemplo, nós podemos desejar que ele se recupere rapidamente para que possamos desfrutar de sua companhia novamente; mas esse desejo é basicamente autocentrado e não é a verdadeira compaixão. A verdadeira compaixão é necessariamente baseada em estimar os outros.

Se quisermos realmente realizar o nosso potencial de atingir a iluminação completa, precisamos aumentar o escopo da nossa compaixão até que abraça todos os seres vivos sem exceção, assim como uma mãe amorosa sente compaixão por todos os seus filhos independentemente de se eles estão se comportando bem ou mal.

A compaixão e o pensamento zen


O Monge e o Samurai

A vida do samurai andava um inferno.
Dúvidas sobre o Bushido lhe atormentavam. Para ter paz, precisaria aprender mais sobre um dos princípios deste código dos samurais.

O guerreiro precisava aprender sobre compaixão. Ele nunca teria paz se vivesse apenas pela coragem e disciplina. A compaixão era um dos valores que norteavam o caminho do cavaleiro, o Bushido.

Aquele samurai se perguntava se não teria desviado do caminho ao cortar cabeças indefesas e não ajudar inimigos em dificuldades.

Teria ele perdido o poder da compaixão? Teria ele perdido a honra? Por que sua vida estava um inferno e como seria alcançar o céu?

As dúvidas levaram o guerreiro em busca de um local sagrado – na esperança de encontrar um mestre que o tirasse de seu inferno e lhe ensinasse o que era o céu.

Enquanto ia se aproximando do templo zen budista os lavradores se afastavam daquele homem. Chegando lá, o samurai exigiu ser levado à presença do monge chefe.

Prática do pensamento zen

Este ensinava na cozinha. O homem armado de espada ouviu os ensinamentos do outro, armado de uma colher. O mestre ensinava os aprendizes sobre a importância de transformarem em prática o pensamento zen. A importância de praticarem de fato o que quer que fossem ensinar.

O mestre zen parou de falar e com sua colher remexeu cuidadosamente o cozido de legumes na panela. Voltou a falar do aspecto sagrado de cada ação cotidiana, que a prática da preparação diária do alimento é a mesma prática do caminho da iluminação.

“Pense que as panelas são você mesmo... Veja que a água é a sua própria vida...”

E voltou a mexer o cozido, borrifando temperos que ao caírem na panela exalaram vapores aromáticos...

Só que o samurai não queria saber de prática de “mestre cuca” coisa nenhuma! Ele não queria perder tempo da sua “busca espiritual” com futilidades diárias como culinária. Rompeu o silêncio dos vapores:

- Mestre: quero que me ensine sobre a compaixão. Quero que me ensine sobre o céu e o inferno.

O monge olhou longamente para o samurai. Reparou em seu calçado enlameado, em sua espada embainhada, em sua mente inquieta.

- Você não vai encontrar o que busca. Como posso ensinar a pureza e a beleza da compaixão a um homem com a bota, a espada e a mente completamente sujas? Sua presença deixa este templo feio e sujo. Seria melhor que saísse daqui agora!

O sangue do samurai se aqueceu mais rápido do que as panelas e em dois movimentos ele desembainhou a espada e preparou o ataque certeiro que faria rolar a cabeça daquele monge que desrespeitava a honra de um cavaleiro que, por sua vez, se afundaria ainda mais em seu inferno.

O monge permaneceu parado e quieto, mirando o outro com profundidade. Com a espada viajando pelo ar a poucos centímetros do seu pescoço, disse:
- Espere. Agora você já sabe o que é o inferno. Isto é o inferno!

O astuto espadachim fez parar sua katana antes dela atravessar a pele. Ficou espantado com a coragem e dedicação do mestre ao ensinar. O monge colocava suas palavras e sua própria vida a serviço do outro. Entendeu que a sua maior desonra não seria receber um insulto e sim praticar um ato violento.

O desejo de paz invadiu o guerreiro. Uma onda de compaixão o arrebatou.
O monge, enfim, enxergou o olhar iluminado e compassivo do samurai:
- Agora você já sabe o que é compaixão.
Isto é o céu.

Pratica do pensamento zen

Abraços e muita paz!

Aprendendo a prática do pensamento zen Aprendendo a prática do pensamento zen Reviewed by Luís Eduardo Pirollo on junho 28, 2015 Rating: 5
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