Julgar antes do conhecimento da causa

Julgamento antecipado
Muitas vezes passamos por grande arrependimento ao julgar as pessoas antes do conhecimento verdadeiro da causa de certo ato ou comportamento. Julgamos sem pensar, apenas amparados ou baseados em paradigmas, modelos, conceitos e preconceitos impostos pela própria sociedade. Para não cometer este erro de julgamento é preciso conhecer e analisar profundamente a causa que levou certo indivíduo a praticar determinado ato ou conduta. Apenas com o conhecimento da causa podemos formar a nossa opinião e tomar atitude em relação aos outros. Somente com o conhecimento e a compaixão podemos alcançar a compreensão mútua.

Uma frase atribuída a Albert Einstein agiganta um dos maiores desafios da evolução humana: o preconceito. A frase é: "é mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito". O preconceito, segundo o dicionário, é conceito ou opinião formadas antes de ter os conhecimentos adequados; opinião desfavorável, concebido antecipadamente ou independente de experiência ou razão. A própria definição já indica o equívoco de sua existência e danosas consequências.
O preconceito é responsável pela manutenção de paradigmas que têm atravançado o progresso humano. (Orson Peter Carrara)
Paradigmas são as lentes pelas quais enxergamos o mundo, moldadas pelos padrões que construímos a partir das influências externas, processadas juntamente com a percepção que possuímos do ambiente em que estamos inseridos. Da mesma forma, o conjunto de nossos hábitos acaba construindo nossos próprios paradigmas pessoais. (Alcione Alvez)

Esta história dá um bom exemplo deste julgamento antecipado. 
Eu me recordo de uma mudança de paradigma que me aconteceu em uma manhã de domingo, no metrô de Nova York.
As pessoas estavam calmamente sentadas, lendo jornais, divagando, descansando com os olhos quase fechados. Era uma cena calma, tranquila.
Sem conhecimento da causaSubitamente um homem entrou no vagão do metrô com os filhos. As crianças faziam algazarra e se comportavam mal, de modo que o clima mudou instantaneamente.
O homem sentou-se a meu lado e fechou os olhos, aparentemente ignorando a situação.
As crianças corriam de um lado para o outro, atiravam coisas e chegavam até a puxar os jornais dos passageiros, incomodando a todos.
Mesmo assim o homem a meu lado não fazia nada.
Ficou impossível evitar a irritação. Eu não conseguia acreditar que ele pudesse ser tão insensível a ponto de deixar que seus filhos incomodassem os outros daquele jeito sem tomar uma atitude. Dava para perceber facilmente que as demais pessoas estavam irritadas também.
A certa altura, enquanto ainda conseguia manter a calma e o controle, virei para ele e disse:
- Senhor, seus filhos estão perturbando muitas pessoas.
Será que não poderia dar um jeito neles?
O homem olhou para mim, como se estivesse tomando consciência da situação naquele exato momento, e disse calmamente:
- Sim, creio que o senhor tem razão. Acho que deveria fazer alguma coisa.
-Acabamos de sair do hospital, onde a mãe deles morreu há uma hora.
Eu não sei o que pensar, e parece que eles também não conseguem lidar com isso.
Podem imaginar o que senti naquele momento? Meu paradigma mudou. De repente, eu vi as coisas de um modo diferente, e como eu estava vendo as coisas de outro modo, eu pensava, sentia e agia de um jeito diferente. Minha irritação desapareceu.
Não precisava mais controlar minha atitude ou meu comportamento, meu coração ficou inundado com o sofrimento daquele homem. Os sentimentos de compaixão e solidariedade fluíram livremente.
- Sua esposa acabou de morrer? Sinto Muito. Gostaria de falar sobre isso? Posso ajudar em alguma coisa? - Tudo mudou naquele momento.
Muita gente passa por uma experiência fundamental similar de mudança no pensamento quando enfrenta uma crise séria, encarando suas prioridades sob nova luz.
Isso também acontece quando as pessoas assumem repentinamente novos papéis, como marido, esposa, pai, avô, gerente ou líder. (Steven R. Covey)

A única atitude intelectual digna de uma criatura superior é a de uma calma e fria compaixão por tudo quanto não é ele próprio. Não que essa atitude tenha o mínimo cunho de justa e verdadeira; mas é tão invejável que é preciso tê-la. (Fernando Pessoa)
Sempre que for preciso, mude suas opiniões, mantenha seus princípios. Troque suas folhas, mantenha suas raízes. (Victor Hugo)


Se for preciso, mude sua opinião

Abraços e muita paz!

Julgar antes do conhecimento da causa Julgar antes do conhecimento da causa Reviewed by Luís Eduardo Pirollo on outubro 27, 2014 Rating: 5
4 comentários:
  1. Querido amigo Luis!
    É com muita saudade que venho até aqui para ler palavras tão belas!
    Tocou o meu coração, como é peculiar e recorrente em todos os seus textos.
    O preconceito está arraigado na gente.. É incrível como ele aflora rude e agressivo, Estou notando uma onda de ódio e preconceito se manifestar aqui no nosso precioso Brasil, depois do segundo turno das eleições tão disputadas. O povo nordestino está sendo massacrado, sem razão aparente, por uma grande parcela da população. É triste ver isso ocorrendo em nosso País que deveria ser unido e forte! Aqui está o ponto da discriminação e do preconceito em que as pessoas apontam o dedo sem saber o quanto os que estão do outro lado, estão sofridos ou passando por um momento difícil! Ninguém tem o direito de julgar os outros sem saber o conhecimento da causa e da vida das pessoas.

    A estória do pai de família no metrô que acabou de perder a sua esposa me tocou o coração Luis. Nossa, o que fazer em um momento desses? Qual conselho poderia amenizar a dor do pai das crianças que acabara de perder sua esposa? Não existem palavras para aliviar um momento tão angustiante e aflitivo assim...
    Por isso que precisamos ter calma e ponderar, antes de apontar o dedo para quem pode estar passando por um grande sofrimento.

    Amigo, adorei estar aqui! As saudades aumentam a cada dia, mas saiba que nunca me esqueço dos seus sábios conselhos amigo!
    Desejo uma semana maravilhosa, muito produtiva, de muita paz, de muita alegria!
    Abraços com muito carinho! :)))))

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    1. Olá, minha querida amiga Adriana Helena!!!
      É muito bom recebê-la aqui em nosso espaço, também estava com muita saudade, querida amiga!!!
      Ando meio afastado dos blogs por falta de tempo.
      Pois é, minha querida amiga, o preconceito e o pré-julgamento fazem parte da realidade de nosso querido Brasil. Talvez até seja culpa de nossos governantes, mas isso não dá o direito das pessoas julgarem os nossos pobres irmãos nordestinos, um povo tão sofrido e necessitado.
      Essa estória do metrô ilustra muito bem esse tipo de julgamento antecipado, mesmo antes de conhecer os fatos verdadeiros, mas infelizmente uma grande parte das pessoas são assim, primeiro formam opinião e julgam, depois tentam conhecer e pensar. Lógicamente, depois de conhecer os fatos caem em arrependimento.
      Sim, esse caso do metrô é muito triste, pobre crianças...
      Também adorei a sua presença aqui, minha querida amiga, fico muito feliz com seu lindo comentário e com seu carinho de sempre, valeu!!!
      Obrigado, tenha também uma semana maravilhosa, muito produtiva, de muita paz e de muita alegria!!!
      Abraços com carinho!!! :))))))))

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  2. Eloiza Martins De Oliveira Miranda · Quem mais comentou · Faculdade "Auxilium" de Filosofia, Ciências e Letras de Lins
    Devemos ter muito cuidado com os julgamentos. Gostei muito de estória... quantas situações já passamos onde o conhecimento real, fez a diferença no julgamento!! Muitas Alegrias para VC!! Bom final de Semana!!

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    1. Oi, minha querida amiga Eloiza Martins De Oliveira Miranda!!!
      Certamente, minha amiga, todo cuidado é pouco quando se trata de julgar as pessoas, nunca se sabe o que tem na mente alheia.
      Obrigado, minha querida amiga, que bom que gostou da estória, fico muito feliz com sua participação, com seu lindo comentario, com seu apoio e carinho de sempre, valeu!!!
      Tenha uma ótima semana, repleta de muitas bênçãos!!!
      Abaços e muita paz!!!

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